segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Não, não estamos mais


Não me pergunte mais
Se acaso estamos juntos
Se estamos em paz

Você não soube ver
O belo que havia em mim
E só via o que lhe convinha

Nunca suspeitou do fato
De que amor é mais do que pele e tato
Nunca suspeitou que o profundo
Só se chega atravessando o raso

Não me pergunte mais
Se ainda estamos juntos
Se estamos em paz

Sem alarde, sem guerra
uma pena
saio de cena
a novela aqui se encerra

Você não sabia?
Amor se faz dia a dia,
Olho no olho, pé no chão

A bem da verdade
nunca fui pra ti abrigo
talvez esconderijo
pros tempos de tempestade



(Experimentando escrever letras de música. Essa está na mão de parceiros que já colocaram para caminhar as melodias).

sábado, 26 de agosto de 2017

Das descobertas



1
notei, mas preferi não mencionar
ela tinha o nome de outro homem
tatuado no abdômen

2
o nome de seu ex-namorado
floreado na toalha
num belo bordado

3
ela nem notava
que ao transar comigo
falava o nome do outro cara

4
no seu coração
de todo amor esvaziado
havia um líquido onde me molhava:
às vezes era água
às vezes, mágoa


Rafael Nolli

24/08/17

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Minha avó coando café

para minha mãe

1
toda vez que alguém reza
em qualquer parte do mundo
para qualquer Maria
reza para ela também


2
uma vez a carreguei no colo
miúda, octagenária
pesava uma tonaleada
estava carregando
– de certa forma –
todo mundo que ela carregara


3
por que ela era mãe da minha mãe
e de diversos modos foi minha mãe também:

quando perdeu o juízo
- a idade avançada e o diabetes -
virou filha da minha mãe
e assim – de alguma forma –
foi minha irmã também:

a ordem das coisas invertidas
ou definitivamente alinhadas






07/08/17


sábado, 5 de agosto de 2017

Prosa Poética Erótica


I
29/11/04
Seu ventre aberto sorri um riso de coisa a ser degustada satanicamente... corre um arroio de prazer em meio a tuas coxas. Como um cão vadio salto para o início (trêmulo!) do espetáculo. Na correnteza, nadam peixes que deságuam em mim. Repleto, transbordo, escorro – invento um rio onde me afogo. 


Seu ventre aberto sorri um riso de coisa a ser degustada religiosamente... de suas coxas descem, ao infinito, um arroio. Como um herege devasso a passagem para o ápice (efêmero!) do show.  Na correnteza, peixes transbordam para morrerem em minhas águas salgadas de mar transformado. Com dois passos venço a tempestade que me transformo.

  
Faísca uma fagulha de sol no útero negro da noite. Seu riso fecha-se em concha até transformar-se (provisoriamente!) numa rosa.







quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Seleção de Poemas




Amigos, tenho 4 Poemas no site Próximo Parárafo. Um espaço super massa!

Visitem!






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